Reino Metazoa: Filo Annelida

Incorporado ao complexo de seres vivos concebido pelos metazoários, o filo Annelida (em latim, “pequenos anéis”) distingue-se por albergar vermes portadores de metâmeros, cujos corpos são invertebrados, cilíndricos, alongados e segmentados sobejamente em anéis na plenitude da extensão de suas carcaças. Os principais representantes dos anelídeos são as minhocas e as sanguessugas e os animais pertencentes à este filo podem ser encontrados na água (doce ou salgada) e em locais de solo úmido.
Nesse âmbito, recomenda-se enfatizar similarmente a expressiva importância (tal em teor econômico como ecológico) associada aos anelídeos, conforme mostrar-se-á posteriormente. Em seguida, assentam-se expostas as características gerais dos partícipes do filo Annelida, bem como sua morfologia e sua importância para a ecosfera terrestre.

Anelídeos: características gerais

Na qualidade de filo constituinte do reino Metazoa, os metazoário abrangidos pelo grupo dos anelídeos conservam uma gama de características em comum, que outorgam sua identificação. A meio de tais características, optou-se por destacar:
  1. Triblasticidade (apresentam três folhetos embrionários, sendo estes endoderma,mesoderma e ectoderma);
  2. Detêm corpos com configuração cilíndrica, alongados e dividido em anéis ou metâmeros;
  3. Presença de uma cutícula protetora;
  4. Segmentação/Metameria: apomorfia dos anelídeos. Tal característica se dá pela repetição de metâmeros ao longo de todo o corpo. Sua vantagem é o fato de que o corpo é dividido em uma série de compartimentos que podem ser regulados independentemente, promovendo uma rede de especialização local dos segmentos do torso;
  5. Os anéis destes metazoários não apresentam apenas manifestação externa, já que seus órgãos internos ficam alocados em certos anéis de seus corpos;
  6. Apresentam simetria bilateral;
  7. Enquanto constituintes expressivos deste filo, admite-se sobrelevar três classes de metazoários, os Oligochaeta  (possuem poucas cerdas corporais e cabeça indiferenciada. Ex: minhoca), os Polychaeta (possuem cerdas corporais implantadas em parapódios e cabeça diferenciada. Ex: poliqueta marinho) e os Achaeta ou Hirudinea (não possuem cerdas corporais e seus corpos são achatados, dotados de duas ventosas aderentes. Ex: sanguessuga);
  8. São organismos protostômios (blastóporo dando origem à boca) celomados (possuem celoma, cavidade do corpo originada no interior do mesoderma). Na ausência de esqueleto, o celoma fornece a sustentação do corpo e auxilia na locomoção;
  9. Exibem tubo digestório completo (posto que portam boca e ânus);
  10. Sistema digestório unidirecional, sendo a digestão predominantemente extracelular;
  11. Animais vasculares (dotados de sistema cardiovascular): dispõem de sistema circulatório fechado (o sangue circula sempre no interior dos vasos sanguíneos);
  12. A maior parte das espécies terrestres apresentam respiração cutânea (através da pele). Os que habitam ambientes aquáticos são dotados de brânquias (filamentos que atuam nas trocas gasosas entre o sangue/linfa de seus portadores e a água );
  13. O corpo dos anelídeos é revestido por uma pele fina e úmida, característica de suma importância para a realização de respiração cutânea, já que os gases necessários para sua respiração não atravessam superfícies secas;
  14.  Sistema nervoso constituído de um par de gânglios cerebrais e dois cordões nervosos longitudinais e ventrais;
  15. Músculos bem desenvolvidos: retém a existência de musculatura especializada em sua parede corporal, responsável pela movimentação do metazoário. A musculatura dupla, constituída por uma camada de músculos longitudinais e outra circular permitem esticar o corpo (contração da musculatura circular), enquanto a contração da musculatura longitudinal o encurta.

Anelídeos: processos reprodutivos

         Os anelídeos, na generalidade,podem se reproduzir de forma sexuada através de uma troca gâmica de material genético (que é sempre externa ao corpo do metazoário), a qual pode intercorrer mediante tanto de entes monóicos (detentores de ambos os sexos, assim sendo, hermafroditas) quanto dioicos (sexos separados). Contudo, calha salientar que existem alguns casos de reprodução assexuada no filo (poliquetas). Observe, a seguir, os cardeais métodos pelos quais os anelídeos asseguram a continuidade de sua descendência:

Assexuada: a meio dos seres integrantes da classe Polychaeta, é suportada a gênese de modo assexuado por intermédio da esquizogênese, na qual torpes parcelas da seção dorsal de suas carcaças desagregam-se, caracterizando, assim, hodiernos indivíduos. Adiante, é exposta uma imagem demonstrando este processo:
Figura 1: Esquizogênese em Nereis sp. (anelídeo poliqueta marinho). Cada segmento regenera uma nova cabeça ou uma nova cauda (ou ambas), até constituir-se num metazoário completo. Disponível em:https://slideplayer.com.br/slide/3983731/. Acesso em 22 de junho de 2019. 

Sexuada: de maneira a simplificar a visualização deste fenômeno, optou-se pela utilização de metazoários da classe Oligochaeta (minhocas no geral) para a demonstração do processo: 

    Figura 2: Morfologia externa de metazoário da classe Oligochaeta (à esquerda) e morfologia esquemática de cerda em conjunto a cutícula de um metazoário da classe Oligochaeta (à direita). Disponível em:https://zoologia-ii-ufes-turma-i.webnode.com/products/annelida/. Acesso em 23 de junho de 2019. 

A cópula sucede por meio de dois metazoários adstritos abdominalmente e dispostos em sentidos antagônicos. Destarte, os gonóporos masculinos mantêm-se perfilados em conformidade com as aberturas dos receptáculos seminais.  A fim de descomplexar a disposição limítrofe dos indivíduos no decorrer da cópula, os corpos destes metazoários contam com estruturas congêneres a ventosas (nomeadamente papilas genitais), concernentes às fendas gâmicas masculinas. Equitativamente, o clitelo detém função à altura, haja vista que suas secreções mucosas condicionam os anelídeos a permanecerem coadunados. Em seguida a transferência mútua de sêmen, os metazoários desassociam-se.
Em consequência do supracitado, cada metazoário envolvido na cópula produz um elo mucoso alicerçado em seus clitelos. Por intermédio de contrações de suas carcaças, tal anel é compelido a se direcionar para a região anterior, deslocando-se pelas fendas gâmicas femininas, que liberam os óvulos, e pelas aberturas dos receptáculos seminais, que excretam os espermatozoides. 
 Figura 3: Fluxograma representativo do processo reprodutivo dos organismos da classe Oligochaeta. Disponível em:https://biocyclopedia.com/index/general_zoology/class_oligochaeta.php. Acesso em 23 de junho de 2019.

Logo após, o anel será excretado pela extremidade precedente do anelídeo bem como produzirá um casulo protetor no qual perpassar-se-á a previamente citada fecundação externa. Deste casulo emergirão, em um ato contínuo, diminutas minhocas, as quais não sofrerão estágios larvares.

Anelídeos: Importância ecológica e relação com seres humanos

 Apesar de poucas espécies de anelídeos serem conhecidas, sua importância é ecológica é vital. Além de serem importantes na fertilização e aeração do solo, desempenham papel fundamental nas cadeias alimentares, são utilizados na medicina e podem atuar como bioindicadores. Em ecossistemas aquáticos, especialmente nos estuarinos e lagunares, as poliquetas e as oligoquetas são dos grupos de invertebrados mais diversificados e numerosos, contribuindo direta ou indiretamente para a alimentação de incontáveis espécies, muitas dessas consumidas pelos seres humanos. Por conta de suas capacidades escavadoras e táticas alimentares, os anelídeos reciclam nutrientes e os disponibilizam para outros seres. 
As minhocas vivem no solo, principalmente em áreas de grande cobertura vegetal, umidade e matéria orgânica, sendo reconhecidas por sua importância no solo, pois cavam túneis que permitem a entrada da água e do ar na terra, facilitando o desenvolvimento de raízes das plantas. Além disso, as minhocas ingerem a matéria orgânica do solo, eliminando, então, fezes que constituem um adubo orgânico, pois contribuem para a fertilidade da terra com a produção do húmus, que é rico em nutrientes como matéria orgânica e sais minerais, contribuindo para o desenvolvimento das plantas. A minhoca vermelha pode ser utilizada como como bioindicador da poluição das águas, pois se alimenta de material em decomposição e detritos no fundo de rios e lagos, então, a grande quantidade de minhocas em meios aquáticos (rios e lagos) indica grande concentração de matéria orgânica, proveniente de esgotos irregulares ou clandestinos. As minhocas também são usadas como isca de pesca e servem de matéria-prima para a produção de ração de animais. 
As sanguessugas, por sua vez, também já tiveram grande importância no passado, sendo utilizadas de forma medicinal para realizar sangrias no paciente: os animais eram aplicados na pele do paciente durante um tempo, a fim de que sugassem o sangue. Acreditava-se que isto contribuía para o tratamento de hipertensão arterial e enfisema pulmonar. Recentemente, elas voltaram a ser utilizadas como opção de tratamento em casos de dificuldade de circulação do sangue em membros que possuem risco de morte do tecido. As sanguessugas liberam hirudina, favorecendo a circulação do local e também podem auxiliar na redução de hematomas. 


Referências bibliográficas:




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