Reino Metazoa: Filo Porifea

Dentro do grupo de seres vivos compreendido pelos metazoários, o filo Porifea (em grego, "portador de poros") destaca-se por compreender os mais antigos animais presentes no planeta Terra: as esponjas. Nesse contexto, deve-se ressaltar também a relevante importância (tanto em termos econômicos quanto ecológicos) ligada aos poríferos, como poderá ser observado mais adiante. A seguir, encontram-se expressas as características gerais dos integrantes do filo Porifea, como também seus ciclos de vida e sua importância para a biosfera do planeta.

Poríferos: características gerais

Enquanto filo constituinte do reino Metazoa, os seres vivos compreendidos pelo conjunto dos poríferos possuem uma série de características em comum, que permitem sua identificação. Entre tais características, optou-se por destacar:
  1. Ausência de tecidos verdadeiros: como os poríferos, em seu desenvolvimento, não atravessam a fase de gástrula (na qual os folhetos embrionários são formados), tais seres não apresentam tecidos verdadeiros e diferenciados, ao contrário dos outros filos de metazoários.
  2. Existência de uma diferenciação e cooperação celular: os poríferos, em geral, possuem uma organização praticamente colonial, na qual diferentes células cooperam em prol da preservação do todo. Nesse contexto, cabe destacar: os pinacócitos, responsáveis pelo revestimento externo, pela proteção da esponja e pela formação da pinacoderme; os porócitos, células com poros que permitem a entrada de água em poríferos (sobretudo em organismos de menor porte ou ainda em crescimento, nos quais ainda não ocorreu a formação de poros extracelulares); os coanócitos, responsáveis pela filtração, captura e digestão de partículas orgânicas contidas na água; os amebócitos, relacionados ao transporte de nutrientes entre as células constituintes do porífero, entre outras funções (regeneração e reposição de outros tipos de células, o que se explica pelo caráter totipotente dos amebócitos), e os escleroblastos, ligados à produção de estruturas calcárias ou de sílica rígidas e denominadas espículas. Ainda pode ser verificada a presença dos arqueócitos (totipotentes), ligados a funções regenerativas e reprodutivas. Todas essas células, no caso, contribuem para a sobrevivência do organismo como um todo, o que caracteriza a cooperação celular.
  3. Produção de espículas: como já fora explicitado anteriormente, os poríferos produzem as espículas, rígidas estruturas calcárias ou de sílica, através dos escleroblastos. Nesse contexto, as diferentes espículas desempenham um importante papel tanto para a proteção da esponja quanto para a ancoragem de seu corpo. Ademais, é através da análise das espículas que, em muitos casos, se determina a espécie de determinado porífero.
  4. Presença da mesênquima: também chamada de mesohilo, essa cavidade gelatinosa compreende todas as células (ou a maior parte delas) constituintes do porífero (como também outros elementos, incluindo espículas e fibras proteicas), portanto é nessa região que ocorre a atividade metabólica do organismo.
  5. Ausência de movimentos coordenados ou em escala relevante: em sua fase adulta, os poríferos são sésseis, ou seja, fixados, através do uso de colágeno (entre outros), a um substrato.
  6. Digestão intracelular: em geral, os integrantes do filo Porifea são filtradores e vivem em ambientes aquáticos (sobretudo de água salgada), sendo os coanócitos os principais responsáveis pela circulação de água, como também pela captura e digestão de compostos orgânicos. Tal processo digestivo é intracelular, uma vez que ocorre dentro do citoplasma dos coanócitos. Observe o esquema abaixo, que representa a digestão em um coanócito:
  7. Figura 1: à direita, esquema representando a digestão de compostos orgânicos no coanócito de um porífero. À esquerda, e abaixo, encontra-se evidenciada a relação estabelecida entre coanócitos e amebócitos, na qual os segundos transportam, para o resto das células da esponja, o excesso de nutrientes produzidos pelos coanócitos. À esquerda, acima, diferentes conformações possíveis para os poríferos. Imagem disponível em: http://segundocientista.blogspot.com/2015/05/filo-poriphera-poriferos.html. Acesso em 04 de junho de 2019.
  8. Ausência de uma simetria bilateral: assim como outros integrantes do reino Metazoa, os poríferos são desprovidos de simetria bilateral, podendo sua conformação interna ser asconoide, siconoide ou leuconoide, conforme é mostrado pelas imagens abaixo:

 Figura 2: à direita, esquema representativo da anatomia de um porífero asconoide, bem como de alguns de seus componentes e suas respectivas funções. À esquerda, em sentido horário, partindo do canto superior esquerdo: áscon, sícon e lêucon. Observe que a água entra pelos poros, é filtrada e, após percorrer o átrio (ou câmaras, no caso de sícons e lêucons), é eliminada por uma abertura denominada ósculo. Imagens disponíveis em: https://www.bioscripts.net/zoowiki/temas/1D.htmlhttp://segundocientista.blogspot.com/2015/05/filo-poriphera-poriferos.html.
Acesso em 04 de junho de 2019. 

Poríferos: processos reprodutivos

Os poríferos, de forma geral, podem se reproduzir de forma tanto assexuada quanto através de uma troca sexuada de material genético, que pode ocorrer através tanto de organismos monóicos (com ambos os sexos) quanto dioicos (sexos separados). Veja, abaixo, os principais processos pelos quais os poríferos garantem sua hereditariedade:

Assexuada: pode ocorrer através do brotamento, fragmentação ou gemulação (no caso de esponjas de água doce). No caso desta, verifica-se a formação de uma gêmula, estrutura que, composta por uma grande quantidade de arqueócitos envoltos por uma camada constituída de espículas e proteínas, são capazes de resistir a condições ambientais adversas (temperaturas desfavoráveis, falta de água e outros). Por fim, quando a situação exterior for favorável, a gêmula se transformará em uma esponja adulta.
Figura 3: ilustração representando a organização estrutural de uma gêmula, similar, em função, aos esporos de bactérias. Disponível em: https://www.asturnatura.com/articulos/porifera/reproduccion.php. Acesso em 04 de junho de 2019

Sexuada: caracterizada pela formação de espermatozoides e óvulos (a partir de coanócitos e arqueócitos, respectivamente) e pela posterior fecundação. O ser vivo originado, no caso, sai da esponja em que foi originado, assumindo a forma de anfiblástula (possível ancestral dos cnidários), mostrada na figura abaixo. Eventualmente, a anfiblástula considerada fixar-se-á em um substrato, assumindo a forma de uma esponja adulta. Pode-se dizer, portanto, que o desenvolvimento de poríferos nas vias sexuadas é indireto.
Figura 4: ilustração representando uma anfiblástula, estrutura viva que permite, entre outros fatores, classificar os poríferos no reino Metazoa. Disponível em: https://www.asturnatura.com/articulos/porifera/reproduccion.php. Acesso em 04 de junho de 2019.

Poríferos: importância

Enquanto pertencentes ao reino Metazoa, as esponjas desempenham importantes papéis perante os ambientes em que vivem. De fato, os poríferos, dada a sua função filtradora, eliminam resíduos orgânicos do meio que ocupam, além de atuarem como indicadores da qualidade da água. Muitas esponjas também estabelecem interessantes relações simbióticas com outros seres vivos, como é o caso dos poríferos com espículas de sílica que abrigam organismos fotossintetizantes, além das esponjas que vivem nas conchas de caranguejos e caramujos, protegendo-os (com suas espículas e secreções desagradáveis) de eventuais ameaças.
No campo econômico, pode-se destacar o fato de que alguns poríferos podem ter seu "esqueleto" de espículas utilizado na confecção de esponjas de banho, entre outras utilidades.

Referências bibliográficas:

FAVARETTO, J.A. Biologia: unidade e diversidade 2. São Paulo, 2016: Editora FTD
http://segundocientista.blogspot.com/2015/05/filo-poriphera-poriferos.html
Conteúdos trabalhados em sala de aula pelo excelentíssimo professor Paim
STORER, T.I. e USINGER, R.L. Zoologia animal. 1982.

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