Reino Metazoa: Filo Cnidaria

Presentes predominantemente em ambientes marinhos (embora alguns possam sobreviver em água doce), os cnidários (do grego knide: urticante)  destacam-se por constituírem um dos primeiros e mais antigos grupos de seres metazoários no planeta, o que evidencia a sua importância para a compreensão do longo caminho que levou à formação do Reino Metazoa com o passar do tempo. De fato, os coelenterados (do grego koilos: cavidade oca, e enteron: intestino) tiveram seu surgimento e desenvolvimento ligados a uma série de novidades evolutivas fundamentais à diversificação dos metazoários, desempenhando um relevante papel para a construção da biosfera hoje observável no planeta. Dessa forma, dedica-se a presente postagem ao Filo Cnidaria, incluindo-se suas características gerais e a importância atual de seus integrantes. Bom proveito.

Coelenterados: características gerais

Enquanto um dos filos mais antigos compreendidos pelo Reino Metazoa, os cnidários são destacados, antes de tudo, por seu caráter primitivo e simples quando comparados a animais mais recentes e derivados. Contudo, conforme já fora afirmado anteriormente, o desenvolvimento dos coelenterados acompanhou uma série de inovações evolutivas indispensáveis ao surgimento de todos os metazoários triblásticos, o que ressalta o valor possuído pelo Filo Cnidaria dentro do Reino Metazoa. Entre as principais características e novidades evolutivas apresentadas pelos cnidários, deve-se destacar:


  1. Organização diblástica: em seu desenvolvimento embrionário, os coelentarados apresentaram, pela primeira vez na história evolutiva da Terra, uma gástrula primitiva contendo dois folhetos embrionários: ectoderma (externa) e endoderma (interna). Tal característica também explica, nos cnidários, a existência de tecidos diferenciados verdadeiros, característica ausente nos poríferos;
    Figura 1: representação ilustrando o surgimento da gástrula nos cnidários. Note a presença da endoderma, ligada à formação de células miogástricas (principal), e a ectoderma, relacionada à formação de células mioepiteliais e do sistema nervoso. Disponível em: http://blakeshonorsbiologyblog.blogspot.com/2013_12_01_archive.html. Acesso em 15 de junho de 2019.
  2. Presença de uma Cavidade Gastro-Vascular interna (C.G.V.): originada do arquêntero (cavidade interna na gástrula), a C.G.V. desempenha um importantíssimo papel ao atuar na digestão de alimentos e no transporte de substâncias nos coelenterados. Tal cavidade, no caso, é limitada por uma boca derivada do blastóporo (protostomia), o que permite que a manutenção de uma composição química relativamente constante no espaço interior dos cnidários;
  3. Predomínio da Simetria Radial, ligada ao formato cilíndrico apresentado pelos cnidários em geral. Tal simetria difere da similaridade bilateral presente em metazoários triblásticos, mais derivados; 
    Figura 2: em destaque, representação da simetria radial em um coelenterado em forma de pólipo. Disponível em: segundocientista.blogspot.com/2015/05/cnidarios-ou-celenterados.html. Acesso em 15 de junho de 2019.
  4. Presença de duas organizações estruturais principais: a forma de pólipo e a de medusa, sendo esta móvel e aquela, geralmente séssil ou com pouca capacidade de locomoção. Algumas espécies de cnidários apresentam tanto a fase de pólipo quanto a de medusa, como será visto mais adiante; 
    Figura 3: Esquemas representativos das formas de pólipo e medusa em cnidários. Observe a presença de tentáculos, ligados à captura de alimentos, próximos à boca. Disponível em: http://www.biorede.pt/page.asp?id=947. Acesso em 15 de junho de 2019.
  5. Surgimento, a partir da ectoderme, de uma rede nervosa difusa, situada na mesênquima (camada gelatinosa entre a epiderme e a gastroderme). Tal sistema nervoso primitivo, no caso, relaciona-se à percepção sensorial e coordenação dos celenterados, como também ao controle dos cnidócitos (a serem vistos mais adiante). Ademais, a distribuição da rede nervosa nos cnidários liga-se à simetria radial por eles apresentada.
  6. Presença de células especializadas denominadas cnidócitos ou cnidoblastos, que, além de darem nome ao filo, desempenham importantíssimas funções ligadas à captura de alimentos ou à proteção dos cnidários. Tais células, no caso, possuem um cnidocílio, sensível a estímulos externos, e um filamento com esporão e substâncias urticantes no nematocisto, que pode ser liberado de modo a penetrar em uma presa ou ameaça. Mais abundantes na região dos tentáculos, os cnidoblastos são acionados e controlados pela rede nervosa difusa dos coelenterados.
    Figura 5: esquema ilustrativo representando a estrutura dos cnidoblastos, bem como diferentes formas com que eles podem ser encontrados. Disponível em: https://www.sobiologia.com.br/conteudos/Reinos2/biocnidario.php. Acesso em 15 de junho de 2019.
  7. Movimento: os coelenterados na forma de medusa apresentam, em geral, relevante capacidade de movimento, através de sucessivas contrações e relaxamentos da epiderme e da gastroderme que acarretam a locomoção à jato. Os pólipos, por sua vez, possuem grandes limitações em sua locomoção, tendo seu deslocamento limitado, em grande parte dos casos, a movimentos similares a cambalhotas.
Coelenterados: formas de reprodução

De forma geral, os coelenterados podem se reproduzir tanto por meios assexuados (brotamento e regeneração) quanto sexuados (fecundação, sucedida pelo surgimento de um embrião que sofre desenvolvimento direto), que por sua vez, podem envolver tanto indivíduos dioicos (maioria) quanto monoicos. Veja, abaixo, algumas imagens ilustrando alguns processos reprodutivos comuns em cnidários:

Figura 6: à esquerda, representação de uma reprodução sexuada em hidras. À direita, processo de brotamento (assexuado) no mesmo tipo de ser vivo. Disponível em: http://gabrielablogdebiologia.blogspot.com/2014/06/los-celenterados.html. Acesso em 15 de junho de 2019.

Metagênese: Outro processo reprodutivo com grande destaque entre os cnidários é o de metagênese (ou alternância de gerações), marcado pela sucessão entre fases em pólipo e em forma de medusa. Também ocorre a alternância entre etapas sexuadas e assexuadas. Veja a imagem abaixo, ilustrativa do processo:
Figura 7: Esquema representando o processo de metagênese em um hidrozoário. Note que, no caso considerado, ocorre o desenvolvimento indireto, com a formação de uma larva denominada plânula. Disponível em: https://www.sobiologia.com.br/conteudos/Reinos2/biocnidario3.php. Acesso em 15 de junho de 2019.


Coelenterados: principais subdivisões

Observe a tabela abaixo, que contém as principais subdivisões do filo Cnidaria conforme as suas principais características:
Tabela 1: divisão dos cnidários. Retirado do livro didático Biologia, unidade e diversidade 2, de José Arnaldo Favaretto.


Referências bibliográficas:

http://segundocientista.blogspot.com/2015/05/cnidarios-ou-celenterados.html
https://www.sobiologia.com.br/conteudos/Reinos2/biocnidario.php
https://www.sobiologia.com.br/conteudos/Reinos2/biocnidario2.php
https://www.sobiologia.com.br/conteudos/Reinos2/biocnidario3.php
https://www.todamateria.com.br/cnidarios/
FAVARETTO, J.A. Biologia: unidade e diversidade 2. São Paulo, 2016: Editora FTD
Conteúdos trabalhados em sala de aula pelo excelentíssimo senhor professor Paim.

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